ICONOGRAFIA E EDIFÍCIOS E OBRAS DE ARTE DE VALOR HISTÓRICO-CULTURAL
Por Teresa Cristina Cavaco Gomes
A iconografia do espaço sagrado de uma igreja (arquitetura, imagens, pintura, vitrais, decoração) deve refletir harmonia, equilíbrio, unidade, pois é a extensão do que se celebra, é mistagógico e auxilia a conduzir ao mistério.
A arte sacra (citemos aqui, de culto), diferente da arte religiosa (citemos, de devoção) é a arte que está a serviço da liturgia, leva ao transcendente e está toda ela fundamentada na Sagrada Escritura. Já a arte religiosa expõe a interioridade do artista, o que ele imagina de algo. Não conduz ao mistério.
Segundo a Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, a arte sacra deve exprimir de algum modo, nas obras saídas das mãos do homem, a infinita beleza de Deus com a finalidade de conduzir piamente da melhor forma possível, através das obras, o espírito do homem até Deus. Diz ainda que as obras devem estar de acordo com a fé, a piedade e as orientações veneráveis da tradição e que melhor possam servir ao culto católico, à edificação, piedade e instrução religiosa dos fiéis. As obras que ofendam o genuíno sentido religioso, pela depravação da forma, insuficiência ou falsidade artística sejam, ao cuidado do bispo, retiradas da casa de Deus. São aceitos os estilos de todas as épocas, segundo a índole, a condição dos povos, região e as exigências dos ritos.
A Instrução Geral sobre o Missal Romano orienta que, seguindo a antiqüíssima tradição da Igreja, que as imagens sagradas do Senhor Jesus Cristo, da Bem-Aventurada Virgem Maria e dos Santos sejam legitimamente apresentadas à veneração dos fiéis nos edifícios sagrados e estejam dispostas de modo a conduzir os fiéis aos mistérios da fé que ali celebram. Que estas não estejam em excesso e desordenadas evitando assim o desvio de atenção dos fiéis à celebração. O documento ainda orienta para evitar a repetição no uso de imagem de santos e que a ornamentação e disposição das imagens na igreja favoreça a sua beleza e dignidade. A figura do Cristo é sempre a principal e a imagem de Maria e do(a) padroeiro(a) vem em segundo plano remetendo a Cristo.
Em igrejas já existentes e tombadas pelo patrimônio histórico (em qualquer esfera) ou reconhecidamente de valor artístico ou histórico, devem ser preservadas e conservadas tanto sua arquitetura como qualquer obra de arte à ela integrada (esculturas, imagens, pinturas, móveis, objetos etc.), devendo ser avaliada sempre pelo bispo e profissionais especializados em artes, arquitetura e restauração quanto ao respeito à expressão e história daquele lugar, daquele povo.